sexta-feira, 24 de outubro de 2008

CRISE NA EXPORTAÇÃO DE CARNE

A crise atinge exportação de carne e o crédito para o plantio da soja, mas é oportunidade para produtores de arroz gaúchos.

A carne bovina brasileira se acumula nos terminais frigoríficos do Porto de Santos, em São Paulo. A Rússia, nosso maior comprador, deixou de fazer negócios.

A Rússia responde por quase 40% das exportações brasileiras de carne bovina. O que se vê hoje é uma forte diminuição no movimento.

A equipe de reportagem do Globo Rural não foi autorizada a fazer imagens da parte interna dos terminais e nenhuma empresa quis gravar entrevista, mas a informação é que na primeira quinzena de outubro os embarques para os portos russos foram reduzidos para apenas um terço do que era há um mês.

A principal razão é a falta de garantias para o exportador. Os bancos russos estão com dificuldade de emitir as chamadas cartas de crédito. Sem isso, os frigoríficos estão suspendendo as remessas para a Rússia. Os containeres estão ficando nos pátios esperando que as empresas encontrem outros compradores no exterior.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior, em outubro, a média diária das exportações de todas as carnes é 27% menor que a registrada em setembro.

Crise atinge crédito para o plantio da soja

A crise financeira internacional também causa problemas no sul do Maranhão. Falta crédito para o plantio da soja.

Os produtores foram surpreendidos bem na hora do plantio. As multinacionais americanas, que financiam a maior parte das lavouras no cerrado maranhense, este ano restringiram o crédito.

Após perambular por cinco empresas em busca de financiamento, o agricultor Valdir Daniele tomou uma decisão radical. “Eu vou ter que deixar de plantar este ano. Deixar para o próximo para ver se dá. Este ano, vai ser difícil”, disse.

A redução no plantio de soja no cerrado maranhense deve passar de cem mil hectares porque 80% dos produtores dependem de crédito externo. A maioria ainda não conseguiu financiamento para iniciar as lavouras.

A área de plantio na região é de 420 mil hectares, segundo previsões da Conab, Companhia Nacional de Abastecimento. A falta de recursos deixa máquinas paradas no campo. Por enquanto, só há movimentação nas lavouras de quem conseguiu plantar adubo antes da crise e vai usar recursos próprios.

“Eu vou plantar um pouquinho menos e vou colocar mais químico para poder ter uma produtividade melhor. Nós temos que pensar em produtividade”, disse o agricultor Elinton Tomazzo.

A palavra do ministro

Em Brasília, o ministro da Agricultura Reinhold Stephanes afirmou que a maioria dos produtores tem conseguido crédito para a safra.

“As indicações que temos é que cerca de 80% dos nossos agricultores estão em condições de plantio e com crédito. Ainda temos algumas questões residuais. Existem regiões, mas isso está sendo administrado praticamente no dia-a-dia”, falou Stephanes.

O ministro disse ainda que o governo estuda a possibilidade de anunciar novas medidas de ajuda aos agricultores.

Apesar da crise, otimismo entre produtores de arroz gaúchos

Mas se a crise internacional é ruim para uns, para outros é sinônimo de oportunidade. No Rio grande do sul, quem cultiva arroz está otimista. Na quinta-feira foi realizada a festa de abertura do plantio da safra.

A abertura oficial foi no município de Cachoeirinha, na região metropolitana de Porto Alegre. “Nós temos a expectativa de produtividade média de 7,2 mil a 7,3 mil quilos por hectare para a próxima safra se as condições climáticas foram favoráveis, como foram nos outros anos”, disse Maurício Fisher, presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz.

O agricultor Carlo Simonetti iniciou o plantio do arroz em setembro. Por isso, já está com quase toda a lavoura cultivada. Mesma com a interrupção da semeadura em função da chuva, ele não deve ter atrasos para concluir a lavoura.

“Essa chuva, se para um lado está prejudicando o plantio, por outro está recuperando o nível de barragens que estavam com nível baixo”, disse Simonetti.

Em todo o Estado, cerca de 40% da área já foi cultivada. A previsão é que sejam plantados 1,082 milhão de hectares, com incremento de 2% em relação a 2007. A fronteira oeste é a região do Estado mais adiantada no plantio. Dos 308 mil hectares, cento e sessenta e nove mil já foram semeados.

A nova safra é vista com otimismo pelo setor. “Os preços hoje de mercado estão praticamente equilibrados com o custo de produção. Nós tivemos um incremento de custo de produção. E a crise econômica valorizou o dólar em frente ao real, o que provocou uma dificuldade nas importações do Mercosul. Por essa conjuntura, estão dificultadas as importações. Inclusive nesse momento as exportações superam as importações, o que é um fato positivo e importante. O dólar mais elevado beneficia as exportações”, concluiu Renato Rocha, presidente da Federarroz.

O plantio do arroz no Rio Grande do Sul deve se estender até novembro.

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