segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Tratamento de sementes de soja com fungicidas cresce no País

O tratamento de sementes de soja com fungicidas no Brasil vem crescendo a cada safra, partindo de apenas 5% da área de soja semeada com sementes tratadas na safra de 1991/92, até atingir expressivos 100% na safra 2006/07. Segundo a Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados/MS), hoje, essa prática está consolidada em Mato Grosso do Sul e é adotada por 100% dos produtores. "Esta tecnologia não apresenta grandes dificuldades para sua adoção. Além disso, todos os fungicidas encontrados no mercado são eficientes e de baixos custos", diz o pesquisador Augusto César Pereira Goulart.

Levando-se em conta todos os gastos necessários para a produção da lavoura, o tratamento de sementes com fungicidas é a prática de menor custo, quando comparada com as demais. No caso da soja, o tratamento representa aproximadamente 0,6% do custo total de produção.

O pesquisador explica que nem sempre a semeadura é realizada em condições ideais, o que resulta em sérios problemas de emergência caso o tratamento de sementes com fungicidas não seja realizado, havendo, muitas vezes, a necessidade da ressemeadura, o que acarreta enormes prejuízos ao produtor.

No caso da soja, a ressemeadura no Sistema Convencional poderá representar 11,43% a mais no custo de produção. No Sistema Plantio Direto, em que a ressemeadura requer o uso de herbicidas, este prejuízo é maior, representando 17,93% a mais de gastos.

Escolha

Para a escolha correta de um fungicida, o primeiro aspecto que deve ser considerado é o organismo alvo do tratamento. "Sabe-se que os fungicidas são diferentes quanto à abrangência de ação ou especificidade. Assim, a ação combinada de fungicidas sistêmicos com protetores tem sido estratégia das mais eficazes no controle de fungos das sementes e do solo, uma vez que a ação da mistura é ampliada pela associação de dois ou mais produtos", explica Augusto.

O efeito principal do tratamento de sementes de soja com fungicidas é observado na fase inicial do desenvolvimento da cultura (no máximo até sete dias após a emergência). Nesse período, ocorre uma eficiente proteção da soja, proporcionando a obtenção de populações adequadas de plantas em função da uniformidade na germinação e emergência.

"Ressaltamos, porém, que caso as condições climáticas sejam favoráveis, após este período de proteção alguns fungos podem se instalar nas plântulas de soja, o que é normal, devido à perda do poder residual dos fungicidas, o que não significa que o tratamento foi ineficiente.

O tratamento deve ser feito, de preferência, em tratadores de sementes, na unidade de beneficiamento ou usando um tambor giratório com eixo excêntrico. O processo com o uso de betoneira também pode ser adotado, mas com eficiência menor que o feito na máquina ou no tambor.

É desaconselhável realizar o processo diretamente na caixa semeadora e na lona, devido à baixa eficiência por causa da pouca aderência e da cobertura não uniforme das sementes pelos fungicidas. "Durante a operação, o fungicida sempre deverá ser aplicado em primeiro lugar, para garantir a boa cobertura e aderência dele às sementes", destaca o pesquisador.

Quando fazer

- Quando as sementes estiverem contaminadas por fungos fitopatogênicos (identificados através do teste de sanidade de sementes)
- Quando as condições de semeadura são adversas como: ocorrência de chuvas muito pesadas, que provocam a formação de uma crosta grossa na superfície do solo, dificultando a emergência das plântulas; solo compactado; semeadura profunda ou em solo com baixa disponibilidade hídrica; semeaduras em solos com baixas temperaturas e alto teor de umidade
- Em casos de práticas de rotação de culturas ou de cultivo em áreas novas.

Finalidade do tratamento

- Erradicar ou reduzir, aos mais baixos níveis possíveis, os fungos presentes nas sementes
- Proporcionar a proteção das sementes e plântulas contra fungos do solo
- Promover condições de uniformidade na germinação e emergência
- Evitar o desenvolvimento de epidemias no campo
- Proporcionar maior sustentabilidade à cultura pela redução de riscos na fase de implantação da lavoura
- Promover o estabelecimento inicial da lavoura com uma população ideal de plantas.

FONTE: Embrapa

Nenhum comentário: