quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Fórum da agricultura mede impacto da crise

Reunidos nos Estados Unidos, especialistas traçam o futuro da produção de alimentos e de biocombustíveis num cenário em que a América do Sul ganha influência

Enquanto a América do Sul junta os cacos do estrago provocado pela estiagem na produção de grãos, técnicos e analistas de instituições públicas e privadas se reúnem em Arlington (VA), nos Estados Unidos, para discutir e, até certo ponto, deliberar sobre o futuro do agronegócio no Brasil e no mundo. Entre os destaques do Agricultural Outlook Forum, está o censo da agricultura, balanço e previsões para os principais países produtores. Em foco, a transição rural nas Américas, processo que considera a expansão da produção no lado de baixo do continente americano. Brasil, Argentina e Paraguai já produzem mais de 100 milhões de toneladas de soja e configuram um novo e importante player para a formação de preço, bem como na relação de oferta e demanda mundial.

A destinação de grãos, principalmente o milho, para a produção de biocombustíveis, é outro tema da pauta. Os Estados Unidos utilizam mais de 90 milhões de toneladas de milho para produção de etanol. “A política energética americana mexe no quadro interno de oferta, assim como no comércio internacional dos países produtores do grão, como o Brasil”, diz Robson Mafioletti, analista da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). A Lei de Energia dos Estados Unidos, de 2007, prevê para 2022 a adição de 20% de etanol à gasolina no país. Cumprida a meta, serão necessários 36 bilhões de galões (cerca de 136 bilhões de litros) de etanol, sendo 15 bilhões à base de milho. A principal matriz, se não única neste momento, é o milho. A lei manda fracionar essa necessidade com outras fontes, como a celulose.

Quanto à expectativa para o encerramento do ciclo 2008/09 na América do Sul, os resultados de forma geral estão sendo positivos, destaca Marcos Matos, assessor técnico da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). “Mesmo com a estiagem afetando a safra na Argentina e em parte do Sul do Brasil e com as cotações internacionais menores, a produção brasileira de grãos será a segunda maior da história, superior a 135 milhões de toneladas, com rentabilidade positiva viabilizada pelo novo patamar da taxa de câmbio”, argumenta.

Pecuária

A retração na demanda mundial por carnes, com o arrefecimento do consumo devido à crise financeira mundial, terá capítulo à parte no Outlook. E, mais uma vez, o Brasil está inserido nas discussões, como o maior exportador de carne de boi e aves e o segundo de suínos, lembra Fabrício Monteiro, veterinário da Federação da Agricultura do Paraná (Faep).

Os produtores enfrentaram altos e baixos nos últimos dois anos. Muitos chegaram a eliminar matrizes, reduzindo o rebanho bovino. As exigências sanitárias são mais rigorosas desde o início do ano passado. O consumo em baixa fez a Associação Brasileira dos Exportadores de Carne de Frango (Abef) recomendar a diminuição de 20% do número de aves alojadas. A Rússia, nosso principal mercado de carne suína, quer ser autossuficiente em aves e suínos dentro de cinco anos. “E tudo isso acontecendo junto com uma das piores crises econômicas da história, que muda da noite para o dia oferta e demanda, preço e rentabilidade”, frisa Monteiro.
FONTE: CAMINHOS DO CAMPO

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