quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Crise pode elevar o preço do trigo

A alta do dólar e a menor oferta de crédito para financiar as importações do grão podem elevar os preços do trigo no curto prazo, mas a tendência é que depois as cotações recuem, já que elas estão em queda no mercado mundial. A afirmação é do presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Sergio Amaral, em análise sobre os impactos da crise financeira internacional no setor moageiro. Segundo Amaral, alguns moinhos ainda estão processando trigo comprado a US$ 480 a tonelada, quando hoje pagariam no mercado US$ 260/t, 85% menos.

“Quem comprou trigo a US$ 480 e está tendo de vender farinha ficou com um mico na mão”, diz, ressaltando que, apenas com a desoneração fiscal, os preços da farinha caíram de 15% a 20% desde junho. Naquele mês, o governo, preocupado com o impacto da alta do trigo na inflação, isentou o setor do recolhimento do PIS-Cofins. “Alguns deles (moinhos), os que importaram mais, terão de reajustar os preços em conseqüência.” Mas a tendência, insiste, é de que os preços da farinha voltem a cair devido ao menor custo da matéria-prima no mercado internacional.

A restrição de crédito para importação vai impactar os moinhos diferentemente, diz Amaral, a depender do perfil de cada um. Ele trigo 15 10 08lembra, porém, que a falta de crédito afeta a economia como um todo. “Não acredito que essa situação possa durar muito tempo porque, se durar, vai paralisar a economia mundial.” O executivo disse que o governo brasileiro foi ágil ao adotar medidas como a liberação de parte do depósito compulsório e da garantia de crédito para o plantio da safra. “Estão sendo tomadas medidas para restaurar o crédito. E setores que são essenciais para o consumo deverão ser atendidos de modo prioritário.”

Para o ano-safra que começa, a preocupação do setor moageiro nacional é com a Argentina, principal fornecedor de trigo para o Brasil. “Não estamos seguros quanto ao abastecimento”, disse Amaral, lembrando que em anos normais o país vizinho colhe mais de 15 milhões de toneladas de trigo e neste ano deve produzir menos de 12 milhões de toneladas, por conta da redução de área e da estiagem que atingiu regiões produtoras. Considerando o consumo interno argentino de 6 milhões de toneladas, sobrariam pouco menos de 6 milhões de toneladas para exportação. O Brasil, que consome 10,5 milhões de toneladas, deve produzir 5,7 milhões de toneladas neste ano. O Paraná responde por 55% dessa produção.

Congresso

A questão da imprevisibilidade no fornecimento de trigo da Argentina, um problema dos últimos dois anos, será um dos assuntos debatidos no congresso do setor, marcado para 19 a 21 deste mês, em Curitiba. Cerca de 20 líderes do setor produtivo, moageiro e exportador da Argentina deverão participar do evento, segundo Amaral.

Fonte: Caminhos do Campo


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