domingo, 19 de outubro de 2008

Sol na Medida

Quando o sol estorrica lá no céu, as plantações pedem mais água aqui na terra. Nessas tempos de clima quente, frutas e vegetais sentem mais as temperaturas elevadas, que provocam queimaduras e manchas nos alimentos. Os cultivos recebem irrigação extra, mas não são protegidos totalmente contra a luz em demasia. E é na época da safra que o agricultor colhe os resultados dos excessos da natureza: os preços despencam porque os frutos, em especial, perdem a aparência bonita para ser comercializados como frescos.

As macieiras, por exemplo, são uma das plantações mais prejudicadas. Segundo Pierre Nic
olas Pérès, presidente da ABPM - Associação Brasileira dos Produtores de Maçã, em Santa Catarina, cerca de 10% da colheita -- neste ano foi de 840 mil toneladas -- costuma ser afetada pela intensa exposição dos frutos aos raios solares. "Não há muito o que fazer, pois a agricultura está sujeita a essas oscilações do tempo, como o excesso de calor, frio e geada", explica.

No entanto, os agricultores da Califórnia, nos Estados Unidos, começaram a testar a aplicação de protetores solares em suas maçãs para evitar os danos causados pelo calor. O Purshade, fabricado pela Purfresh, empresa norte-americana de produtos agrícolas, também está sendo usado em plantios de tomate, uva, kiwi e lichia na Austrália. A função dele é impedir que o excesso de luz estrague a fruta, sem dificultar, entretanto, a benéfica penetração dos raios solares para seu desenvolvimento e amadurecimento. Isso acontece porque o produto leva cal em forma de cristais (cristais multicristalinos de carbonato de cálcio) em sua composição e a substância age como um bloqueador contra os raios ultravioletas.

Além da proteção que evita as queimaduras, as plantas deixam de reagir ao estresse solar consumindo menor quantidade de água. Os agricultores aplicam o produto de três a cinco v
ezes, em cada estação do ano, com o mesmo equipamento utilizado na pulverização dos defensivos químicos. De acordo com a empresa, os custos podem variar de 11 a 250 dólares, por 1,5 hectare, dependendo do plantio. Segundo Allana Gino, da Purfresh, os produtores têm encarado esse gasto como um investimento em seus negócios. "Eles deixam de perder dinheiro com cada fruto ou vegetal que foi danificado pelo sol", disse ela, por e-mail. O emprego do protetor não altera os tratos culturais da lavoura e ele sai durante o processo de lavagem, sem interferir no sabor dos alimentos.

Pierre Nicolas, da ABPM, comenta que a tecnologia não é muito conhecida no Brasil. "Por enquanto, é impossível precisar o uso dela nos plantios nacionais", compara. Mas ele acredita
que, no futuro, ela tende a se popularizar entre os agricultores, por dois bons motivos: proteção contra queimaduras e economia no consumo de água. Afinal, o futuro com temperaturas mais quentes tornou-se a profecia moderna para o planeta.
COMO O PRODUTO REAGE AO SOL A função do protetor é impedir que o excesso de luz estrague frutas e vegetais. Isso acontece porque o produto leva cal em forma de cristais em sua composição e a substância age como um bloqueador contra os raios ultravioletas


FONTE: Globo Rural

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